Por Carlos Sanches
O foco aqui não é a discussão das metodologias que utilizam videoaulas – como a sala de aula invertida (em inglês, flipped classroom). A abordagem deste artigo será a preparação das videoaulas e o que é relevante para que atinjam seus objetivos.
Podemos identificar quatro etapas que são essenciais nesse processo: roteirização; gravação; edição e produção.
O roteiro deve ser a espinha dorsal da videoaula porque vai determinar o conteúdo, a sequência e a forma como o tema deve fluir ao longo do projeto. A maturação do roteiro deve levar em conta algumas variáveis, como o tempo da videoaula; o público a que se destina; o tipo de abordagem (expositiva, interativa, com animações, com quizzes etc); e o meio em que será veiculada.
1. DEFINIÇÕES DE GRAVAÇÃO
Quanto ao tipo de gravação/edição, temos algumas opções interessantes (*):
> Gravação com captura de vídeo – aquela que captura o que se passa na tela do computador
> Gravação externa
> Se vamos ou não aparecer no vídeo
> Adição de objetos como caixas de textos, setas, indicações, interatividade e animações
> Inserção de narração e/ou trilha sonora
2. RECURSOS DE CLAREZA
Definido o roteiro e escolhidas as opções para o projeto, um ponto muito importante para prosseguir é a preocupação com a clareza de nossas explicações, não só no aspecto didático, mas também com relação às configurações da ferramenta escolhida para a gravação/edição que possam afetá-la de algum modo.
Devemos refletir quais são as mais relevantes e as que podem interferir no entendimento e na aprendizagem de quem estiver assistindo.
Podemos definir alguns pontos cruciais com relação a essas configurações:
> tamanho das letras na tela
> nitidez e definições do áudio, das imagens e do vídeo
> foco nos pontos importantes com utilização de zoom
> tamanho e tipo de arquivo que vai ficar disponível para o aluno.
3. EDIÇÃO
Não devemos abrir mão de editar o vídeo se desejarmos qualidade e aprimoramento da didática com o uso de recursos tecnológicos.
Longe de serem apenas “enfeites”, esses recursos acrescentam e complementam itens que podem, desde que utilizados de modo criterioso e adequado, aprimorar a aprendizagem, conferindo-lhe mais significado e facilitando o quê se quer ensinar e se deseja que seja compreendido.
Podemos usar recursos como:
> zoom
> foco num determinado item e desfoco do que está ao redor
> balões de texto; setas; caixas de realce; pontos de interação
> animações
4. PRODUÇÃO
Não devemos esquecer da produção de nossa videoaula após a edição. Produzir, nesse caso, significa basicamente escolher o tamanho e o tipo de arquivo de vídeo e como vamos exportá-lo.
Uma escolha adequada de tamanho requer algum conhecimento de telas e seus respectivos meios e dispositivos de reprodução. Aqui estão alguns tamanhos comuns e muito utilizados (em pixels – que são, de modo bem simplificado, os menores componentes de uma imagem ou vídeo digital) para servir de referência: 320 x 240; 640 x 480; 720 x 480; 800 x 480; 1280 x 720. Esses números estão no formato L x A (largura ou comprimento x altura). Quanto menor o tamanho, menor o vídeo original e sua definição (qualidade), porém mais rápido seu carregamento no caso do acesso ser via internet.
Só para soar mais familiar, o tamanho 320 x 240 pode ser de uma tela de celular/smatphone. Em centímetros, corresponde a 8,47 x 6,35. Já o tamanho 1280 x 720 corresponde a 33,87 x 19,05, em centímetros, que pode ser de um notebook, por exemplo.
Quanto ao tipo de arquivo, os mais utilizados e comuns são o mp4, o wmv e, embora em desuso, o flv. Assim como no caso do tamanho, é desejável alguma familiaridade com os principais arquivos de vídeo. Os dois primeiros têm melhor resolução e ocupam menos espaço em disco – para configurações gerais semelhantes – que o já quase obsoleto flash (flv).
A preparação de uma boa videoaula que atinja seus objetivos requer não apenas conhecimentos pedagógicos e de conteúdo do que se quer ensinar, mas também habilidades desenvolvidas em roteirização, gravação, edição e produção.
Além disso, é desejável e útil que tenhamos algumas noções de arquivos de mídias digitais para obter o melhor resultado possível em nossas produções, com o mínimo de dúvidas e dificuldades para que nosso projeto flua melhor e com a nossa marca registrada em todos os detalhes.
* Essa lista é apenas uma referência do que mais se usa e se recomenda na preparação de videoaulas.
Carlos Sanches é consultor em tecnologia educacional, cirador do blog TecnologiaEducaBrasil
cacaedu51@gmail.com