Por Gabriella Bighetti
Recentemente, uma equipe da Fundação Telefônica Vivo visitou uma escola rural em Mongaguá, interior de São Paulo (SP). A ideia era conhecer o ambiente educacional e analisar os resultados do projeto Escolas Rurais Conectadas na Escola Indígena Aguapeú. Para chegar à escola, que fica a 88 quilômetros da capital paulista, é preciso atravessar um rio e subir algumas ladeiras. Dentro de um contexto urbano, a conexão é natural – nem pensamos mais na tecnologia, ela está lá e podemos usufruir. Mas essa viagem mostrou como um único ponto de acesso à internet pode mudar não somente a escola, mas toda a vida a seu redor.
A comunidade Aguapeú é a única que tem acesso à internet na região. O diretor da escola, Sérgio da Silva, conta que depois da chegada do modem os professores passaram a ter mais opções de conteúdo e ideias para as aulas. Nessa escola, as crianças até 10 anos são letradas em português e guarani. Muitas vezes, para as crianças menores, o único contato com a língua portuguesa é feito pela internet. Existe somente uma televisão na comunidade, mas quase todo mundo tem celular. E é dessa forma que essa aldeia mantém contato com o mundo exterior. Por isso, o diretor decidiu abrir o sinal da escola para toda a comunidade. “É a única forma que temos de nos comunicar com parentes que estão distantes”, conta Sérgio.
Até mesmo o relacionamento com a Fundação nacional do Índio (Funai) é feito pela internet. Antes, era preciso esperar o dia da visita dos médicos ou da Fundação para receber medicamentos ou mantimentos. Agora, com uma simples mensagem de whatsapp a comunidade pode chamar um médico urgente ou avisar sobre algum problema. Na região, existe outra comunidade indígena – ainda sem conexão – e sempre que eles precisam de algo é o sinal da escola Aguapeú que usam para falar com o mundo externo.
Pode parecer pouco, mas uma única conexão, um único sinal de internet pode fazer toda a diferença para quem vive em regiões afastadas. O acesso a essas áreas pode até ser difícil, mas o acesso à informação não deve ser.
Gabriella Bighetti é diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo. Formada em Direito pela PUC-SP, com mestrado em Direito Internacional na Faculté de Assas – Paris II (França), ela atua há mais de 15 anos na área socioambiental.