Mídias sociais são relevantes?
Responda o quiz!

Por Vicki Davis *

Qual das sentenças abaixo você considera mais verdadeira?

a) Devemos ensinar a escrever cartas em sala de aula? Crianças precisam escrever cartas e enviá-las. Mas e se eles se tornarem correspondentes de estranhos e passar a eles informações privadas? E se suas cartas se perderem no correio e forem abertas por uma pessoa de má fé? Estamos abrindo um mundo perigoso para nossos alunos se eles escrevem uns para os outros? Certamente os estudantes enviarão milhares de cartas pelo correio durante suas vidas.

b) Devemos ensinar a enviar e-mail em sala de aula? As crianças precisam mandar e-mail a outras pessoas e devem saber colocar um título no assunto. Mas e se enviarem e-mail para uma pessoa do mal? O que vamos fazer? Estamos abrindo um mundo perigoso para nossos alunos se eles enviam e-mail para os outros? Certamente os alunos irão enviar milhares de e-mails em suas vidas.

c) Devemos ensinar a usar (que ousadia dizer isso!) mídias sociais em sala de aula? Quer dizer, os alunos não têm de aprender a usar microblog no Twitter – podem fazer isso no Edmodo [rede social educativa], certo? Você pode ter um blog privado ou colocá-los no Kidblogs ou no Edublogs, em vez de deixá-los postar no Facebook, certo? Estamos abrindo um mundo perigoso para os nossos alunos se eles escreverem na rede, postando comentários uns para os outros? Certamente os alunos irão postar milhares de atualizações de status, fotos e blogs em suas vidas.

Respostas

Existe uma forma de escrita que pode, sem dúvida, demitir uma pessoa, fazê-la ser contratada ou forçá-la a se aposentar de uma forma mais rápida do que aconteceria com qualquer outra forma de escrita. (Se não acredita em mim, leia o artigo “How One Stupid Tweet Blew Up Justine Sacco’s Life”, no The New York Times). Existe uma forma de escrita que provavelmente será lida por funcionários de escritórios que cuidam de admissões em faculdade e por grupos de estudantes contratados por estudantes veteranos antes deles receberem bolsas de estudo. Existe uma forma de escrita que consegue impedir algumas pessoas de concorrer a um cargo político e que permite a outros serem eleitos.

Existe, sim, uma forma de escrita com todo esse poder. E, se você pensou nas mídias sociais, você acertou em cheio!

O Mito da Mídia Social

O mito sobre mídias sociais na sala de aula é que, se você usa, as crianças vão ficar tuitando e facebookando enquanto você tenta dar aula. Nós ainda temos que nos concentrar nas tarefas programadas. Não confunda mídia social com socialização. São coisas diferentes – assim como são coisas diferentes crianças conversando enquanto trabalham em grupo e crianças batendo papo.

Você também não é obrigado a trazer para a sala de aula os sites de mídia social mais populares. Você pode usar o Facebook quando os estudantes trabalham com essa forma de comunicação. E blogs como Edublogs, Kidblog, Edmodo vão permitir que o uso das competências da mídia social e técnicas de redação. Alguns professores estão usando tuítes em post-its como exit tickets [prática pedagógica pela qual o aluno deixa para o professor uma mensagens rápida, escritas em papel, antes de sair da aula]. Você pode usar também mainstream de mídia social.

Como os professores estão usando mídia social em sala de aula

1. Tuítes ou posts de status como atualização da aula. A professora Karen Lirenman pede aos alunos para propor tópicos de aprendizagem que são postados para que os pais leiam.
2. Postar em blogs o que os estudantes estão aprendendo. Semanalmente, o professor Kevin Jarrett posta em um blog reflexões sobre a metodologia Stem lab, para leitura dos pais.
3. Deixe seus alunos escreverem para o mundo. Os alunos da professora Linda Yollis refletem sobre aprendizagem e sobre o que acontece na sala de aula
4. Conecte sua turma com outras por meio das mídias sociais. A professora Joli Barker está fazendo isso por meio de uma variedade de mídias.
5. Use o Facebook para ter feedback online de projetos de seus alunos para feiras de ciências. Jamie Ewing  está fazendo isso e compartilhando.
6. Use o YouTube para hospedar um show ou um podcast. Os alunos de Don Wettrick postaram o Focus Show e agora compartilham em um podcast.
7. Crie conta do Twitter para projetos especiais. Minha aluna Morgan passou dois anos testando e pesquisando os melhores aplicativos para crianças com autismo (com a ajuda de voluntários) e seu trabalho venceu o Prêmio NCWIT para o estado da  Georgia.
8. Proponha desafios para engajar seus alunos em um autêntico aprendizado. Como fez Tom Barrett quando sua turma estudou probabilidades, pedindo que eles pesquisassem sobre clima em vários locais.
9. Comunique-se com outras turmas. As iniciativas Global Read Aloud, Global Classroom Project e Physics of the Future são exemplos de como os professores usam mídias sociais para conectar seus alunos.
10. Crie projetos com outros professores. Eu criei o Physics of the Future junto com Aaron Maurer, o primeiro educador que encontrei no Twitter.
11. Compartilhe seu aprendizado com o mundo. Meus alunos estão criando a Encyclopedia of Learning Games, junto com os alunos de Lee Graham, na University of Alaska Southeast. Educadores e estudantes estão testando os games.
12. Promova uma causa em que você acredita. As turmas da professora Stadler estão trabalhando para salvar os rinocerontes da África do Sul e a professora Angela Maiers tem milhares de crianças buscando fazer a diferença .

Se ignorar as mídias sociais, jogue fora as diretrizes da International Society for Technology in Education (ISTE – organização não-governamental dos Estados Unidos voltada à tecnologia para a educação) e pare de fingir que está no século 21. Pare de fingir que está ajudando crianças de baixa renda a superar o fosso digital se não estiver ensinando a eles como se comunicar online.

As mídias sociais estão aqui. São apenas uma outra fonte e não têm que tirar o foco dos objetivos de aprendizagem. As mídias sociais são outras ferramentas que você pode usar para tornar sua turma mais engajada, relevante e culturalmente diversa.

 

* Publicado no portal Edutopia, da Fundação Educacional George Luca.

Tradução: Áurea Lopes