Por Lia Figas

atividadesprofessoraliafigasEstamos vivendo na era digital, em que as tecnologias de informação e comunicação mudaram o comportamento humano. Já não se vive sem celular, internet, redes sociais. Nas salas de aula, encontramos os alunos conhecidos como nativos digitais. Portanto, precisamos pensar em como deve ser o professor dessa nova geração.

Lecionando matemática há algum tempo para o ensino fundamental, na Escola Paraíba – Ciep de Porto Alegre (RS), comecei a refletir sobre esse tema e também sobre como a tecnologia ajudaria na hora de construir os conhecimentos junto aos estudantes. Para mudar as minhas aulas, fiz alguns cursos sobre tecnologia e uma especialização em educação a distância.

Então criei o blog Profa. Lia Figas, onde os alunos encontravam curiosidades sobre matemática, jogos, atividades complementares e videoaulas sobre os conteúdos já trabalhados em sala de aula. OK, eu estava usando tecnologia. Mas mesmo assim a interação da garotada era pequena. As aulas ainda eram expositivas, se usava tecnologia mas a metodologia adotada continuava a mesma. Em uma tentativa de gerar mais estímulos, surgiu a ideia de criar fóruns colaborativos. E deu certo. Na verdade, foi um sucesso. Para que os alunos acessassem o blog, comecei a postar fotos deles todas as semanas. Atraídos por essa estratégia, eles acabavam entrando no blog e participando das atividades, sem se dar conta de que estavam estudando.

Aos poucos o trabalho foi evoluindo e propus aos alunos que gravassem vídeos com seus celulares. O vídeo deveria ter uma cena do cotidiano que envolvesse conceitos de porcentagem. Eles tinham a liberdade de fazer o vídeo individualmente, em duplas, trios, grupos e até mesmo com a participação de familiares. Os vídeos foram entregues por meio de várias ferramentas tecnológicas – CDs, pen drives, bluetooth ou WhatsApp. Todas as produções foram postadas no blog, onde os colegas podiam comentar os trabalhos uns dos outros.

O blog tem me dado um grande orgulho, recebo elogios de pais e de alunos pelo trabalho realizado. Mas também é muito cobrado. Os estudantes me cobram novidades, novos vídeos, novas atividades por meio da tecnologia.  Este ano de 2016, o que fez realmente sucesso entre eles foram as provas online e as fotonovelas. Nas turmas do 7°ano, ao apresentar as provas online, ouvi comentários como: “a tecnologia está tomando conta do mundo, né?”, “vou adorar trabalhar em casa”, “posso fazer no celular”. Me surpreendi com a empolgação, com a dedicação deles nas provas, o que se refletiu até na própria sala de aula.

Depois das provas online, um novo desafio. Eles teriam que pesquisar onde encontramos os números negativos no nosso dia a dia e produzir fotonovelas com o celular. As histórias deveriam retratar cenas do cotidiano em que fossem identificados esses números negativos. Novamente, poderiam fazer o trabalho individualmente, em duplas, grupos e convidar as famílias para participar.  Foi outro grande sucesso.

Esses projetos trouxeram ganho duplo: não apenas despertaram mais interesse dos estudantes para os conteúdos da matemática, mas engajaram as famílias nos seus processos de aprendizagem.

 

Lia Figas é professora de matemática no ensino fundamental