Duas equipes de pesquisa do Departamento de Informática do Centro Técnico Científico da PUC-RJ, lideradas pelos professores Markus Endler e Daniel Schwabe, trabalham na criação de um framework em código aberto, mas processado em larga escala sobre a plataforma de nuvem da Microsoft, o Azure.

O Professor Endler desenvolveu o middleware SDDL (Scalable Data Distribution Layer) e um componente de software chamado Mobile-Hub. Um middleware é uma camada de software disponível para várias plataformas de dispositivos, e que fornece serviços mais genéricos para as aplicações específicas, sendo responsável pela mediação na comunicação entre diferentes equipamentos, móveis ou fixos.

Com o SDDL e o Mobile-Hub pode-se monitorar em tempo real e em larga escala sensores e dispositivos bluetooth por dispositivos móveis com conexão à internet. Endler explica que, com a parceria da Microsoft, dados de uma série de dispositivos simples – sensores de presença, de ambiente, wearables, dispositivos para saúde e até veículos – poderão ser coletados, processados, analisados e visualizados remotamente por acesso à plataforma de nuvem Azure. “É exatamente nesse ponto que o projeto é inovador, pois podemos criar condições para que um grande volume de dados provenientes de ‘coisas inteligentes’ e coletados por smartphones comuns possam ser processados de forma escalável”, afirma.

Um dos testes da aplicação desse código foi acompanhar um passageiro de onibus em São Paulo (SP). Os dados enviados pelo dispositivo móvel do passageiro mostram, com precisão e agilidade, o momento do embarque, a trajetória e a velocidade do veículo, por exemplo. Essa checagem foi feita por uma câmera que registrou o embarque no ônibus e a transmissão dos dados referentes ao seu registro de entrada, totalmente sincronizados.

A equipe do professor Schwabe criou o Mira, um framework de software que simplifica o processo de desenvolvimento de interfaces para aplicações web. “Aplicações web precisam rodar em circunstâncias diferentes, que levam em conta dispositivo em uso, perfil de usuário, velocidade e capacidade da rede, e o nosso esforço foi direcionado aos projetistas que têm de lidar com isso. Ao organizar esse processo e permitirmos especificar as condições de adaptação da interface, tornamos o processo muito mais rápido e barato”, explica.

De acordo com o professor, estudos apontam que pelo menos 50% do esforço gasto com o desenvolvimento e manutenção de programas de software é relativo às interfaces, cujo trabalho ainda é muito manual, quase artesanal. “O Mira permite um processo mais industrial para o desenvolvimento de interfaces, e, mesmo não resolvendo todos os fatores que encarecem o desenvolvimento de aplicações web, ajuda a resolver muitos deles”, detalha.

O apoio da Microsoft ao projeto começou no ano passado, quando forneceu três bolsas de pesquisa (uma de doutorado e duas de mestrado) para a equipe – parte de uma iniciativa da companhia para projetos inovadores que utilizam tecnologias em nuvem. A empresa também forneceu licenças de software e cotas do Azure.

Outro diferencial da parceria é o acesso da equipe de pesquisa ao ATL Brasil, laboratório de tecnologia avançada. Inaugurado em 2012, o laboratório foi criado com o objetivo de estimular a pesquisa e a criação de ferramentas, aplicações e tecnologias que ofereçam benefícios à sociedade. O gerente de Estratégias de Plataforma da Microsoft Brasil, Alessandro Jannuzzi, explica que parcerias com desenvolvedores de aplicações em código aberto, como essa, integram um modelo de atuação global da companhia. No mundo todo, essa contribuição passa de 30 mil linhas códigos e 10 mil horas de trabalho de engenheiros dedicados a projetos open source.

Jannuzzi reforça ainda que o compromisso é inteiramente com a inovação, sem qualquer lastro comercial com o produto final: “Uma das cláusulas que assinamos junto com o desenvolvedor é de que todo projeto financiado deverá ser inteiramente em código aberto, sem caracterização de propriedade tanto da Microsoft quanto dele”, conclui. (Com assessoria de imprensa)