Por Bruna Domingues Waitman
65% das crianças que ingressaram no ensino básico em 2011 terão profissões fadas à extinção. Essa foi a conclusão de uma pesquisa realizada pela professora Cathy N. Davidson, da Duke University. As oportunidades e novos caminhos para a educação estão em constante mudança. E são inúmeros. Alguns, identificados a partir daquele trabalho acadêmico, podem ser vislumbrados como tendências desde hoje:
- Experimentaremos um rearranjo da economia em poucos anos. Se tantas profissões nascerão, certamente outras morrerão.
- A escola deve assumir o papel de preparar os estudantes para encontrar esse novo cenário. Mais do que investir em prever quais serão as profissões criadas, caberá à escola estimular que os estudantes desenvolvam habilidades para encarar o futuro. Autonomia, aprender a aprender e criatividade são algumas.
- O ensino superior também terá que se reinventar diante dessas mudanças.
- Tanto para o ensino básico quanto para o superior a interdisciplinaridade se coloca como importante tendência. Algumas das novas profissões irão emergir da intersecção entre duas ou mais áreas do conhecimento. No fim das contas, o encontro de dois conhecimentos já existentes, mas que não interagem, pode gerar grandes inovações.
- Os chamados espaços makers ganham ainda mais importância nesse contexto. Muito semelhantes às antigas garagens, reúnem equipamentos em um espaço com uma disposição flexível. A ambiência é extremamente propícia para criação e troca de conhecimentos. Daí podem nascer muitas das futuras profissões. O caso da Architectural Association School of Architecture, em Londres (UK), ilustra bem isso. A universidade, que oferece cursos de graduação e de pós-graduação, aposta em espaços makers para estimular que os seus estudantes criem soluções para transformar as cidades de maneira multidisciplinar. Usando drones e impressoras 3D, os estudantes combinam seus conhecimentos de arquitetura com robótica, design, economia, sustentabilidade, entre outros. Se prestarmos atenção, será fácil reparar que as novas profissões começam a nascer daí.
- O empreendedorismo deve ganhar força dentro das escolas também. Segundo pesquisa realizada pela Endeavor Brasil, em 2013, 60% dos jovens brasileiros querem empreender, mas apenas 38% buscam se preparar para isso. Em um contexto como o que a pesquisa descreve, a formação no tema será mais necessária e, por consequência, deve passar a fazer mais parte do dia a dia das escolas e das universidades.
Se, por um lado, a perspectiva de ter mais de dois terços das crianças trabalhando em funções desconhecidas hoje gera uma sensação de insegurança diante do que está por vir, também parece uma oportunidade incrível de reinvenção e de inovação.
Bruna Domingues Waitman é formada em administração pública e diretora do Media Education Lab (MEL), organização que aposta no poder da rede para transformar a educação de maneira criativa.