O Instituto Crescer acaba de divulgar uma pesquisa sobre como as escolas brasileiras estão lidando com o uso das tecnologias digitais nos processos de aprendizado. O objetivo foi identificar, entre outros dados, como está a adoção do BYOD (Bring Your Own Device) e de serviços cloud, qual a percepção da comunidade escolar sobre suas vantagens e seus riscos e para quais finalidades são utilizados.
O estudo buscou avaliar as diferenças entre as realidades das escolas públicas e privadas, o que trouxe revelações de diferenças bastante acentuadas, como: apenas 18% das instituições públicas terem uma política definida para o uso dos equipamentos contra 81% nas particulares.
Outro grande abismo está na permissão para o uso de celulares para realizar atividades escolares – 59% das escolas privadas autorizam, mas 69% das públicas não deixam o aluno levar o próprio telefone para sala de aula. O uso de tablets ou laptops é permitido na maior parte das escolas, tanto nas públicas (54%) quanto nas privadas (59%).
“A grande maioria dos pesquisados, 93% nas particulares e 91% nas públicas, é a favor do uso de equipamentos pessoais, o que mostra uma forte disposição para integrar as novas tecnologias no dia a dia da escola, apesar da resistência natural de alguns professores por não saber como utilizá-las, além de terem medo de perder sua autoridade e serem substituídos por softwares e hardwares”, diz Luciana Allan, diretora Técnica do Instituto Crescer, especialista em tecnologia aplicada à educação e responsável pela pesquisa.
Entre os pontos a favor, foram mencionados a maior disponibilidade de equipamentos, a não dependência somente dos dispositivos da escola, que nem sempre funcionam bem, o maior cuidado com os equipamentos pelos alunos, visto que são pessoais, e, por fim, que a aula fica mais dinâmica se todos tiverem os recursos à disposição. Entre os fatores contrários, a falta de formação de professores, de padronização dos equipamentos e a preocupação com o uso inadequado por parte dos alunos foram os aspectos mais comentados.
Das escolas participantes da pesquisa, 71% das públicas e 88% das particulares têm acesso à internet configurado para restringir o acesso a alguns sites. A disponibilidade de acesso em qualquer lugar da escola é maior nas particulares (58%) do que nas públicas (26%).
Cloud Computing
O uso de serviços na nuvem já é uma realidade nas escolas particulares (67% acessam), mas ainda não é frequente nas públicas (65% não acessam). No caso das públicas, a maior finalidade do cloud computing é facilitar a troca de documentos entre professores e gestores (44%) e nas particulares para torca de documentos em geral, tanto entre alunos e professores, quanto entre professores e gestores.
A ferramenta mais utilizada é o Google Drive (41% nas públicas e 38% nas particulares), seguido pelo Dropbox (35% das públicas e 15% nas particulares) e o Microsoft OneDrive, mencionado por 23% das particulares, mas sem citação nas públicas.
A segurança em armazenar e compartilhar documentos na nuvem não mostrou ser uma preocupação – 76% das particulares e 60% das públicas se sentem seguras. Como vantagens do Cloud Computing foram apontados a independência da rede da escola, que muitas vezes está cheia de vírus, a otimização da aprendizagem e comunicação entre alunos e professores e a facilidade de acesso de qualquer lugar. Como desvantagens tivemos a preocupação que hackers vejam documentos pessoais e o medo de perder documentos armazenados na nuvem.
Invasão
A penalidade que deve ser aplicada nos casos dos alunos invadirem os sistemas das escolas e acessarem informações confidenciais também foi questionada na pesquisa. As particulares foram mais rígidas, com 52% indicando suspensão, enquanto entre as públicas 38% sugeriram uma advertência. A expulsão foi mencionada em apenas 6% das públicas e 5% nas particulares. Não dar nenhuma punição foi a alternativa de 19% nas públicas e 10% nas privadas.
“Há um interesse geral e um movimento para uso dos dispositivos móveis pessoais, bem como o uso da infraestrutura de computação na nuvem. O uso ainda é básico e apoiado por processos tradicionais de gestão das tecnologias digitais na escola, tanto que não há um consenso em como agir, por exemplo, quando um aluno invade o sistema da escola. As opiniões são diversas e os argumentos mais ainda”, conclui Luciana Allan. (Assessoria de imprensa)
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