Por Bruna Domingues Waitman

Noventa por cento dos usuários da internet simplesmente consomem informação, 9% interferem pouco no que leem e apenas 1% produz conteúdo para a rede. Essa proporção, conhecida como “Regra do 1%” ou “Princípio do 90-9-1”, foi mencionada por Jakob Nielsen, dinamarquês Phd em interação homem-máquina, em 2006, e seguidamente repetida por outros pesquisadores do tema até os dias atuais.

Apesar disso, temos a sensação de sermos inundados por informações, posts e referências a cada minuto. Os grandes canais de comunicação, somados às mídias sociais, nos expõem a um excesso de informação difícil de ser gerido. É necessário criar estratégias e critérios para filtrar o que é relevante e o que é verdadeiro.

Diante dessa contraposição, a pergunta que fica é: como aumentar o número de produtores de conteúdo relevante e estimular que atuem como grandes curadores da rede? A resposta para essa equação pode estar na alfabetização para a mídia, o que a Unesco chama de Media Information Literacy (MIL).

MIL aproxima a Alfabetização para Mídia e a Alfabetização para Informação. Apesar desses conceitos sempre estarem ligados, o grande acesso a conteúdos via internet e plataformas móveis fez com que se aproximassem ainda mais. MIL inclui tanto alfabetização para informação e comunicação quanto a alfabetização digital. O termo é ainda definido como o grupo de competências que empodera cidadãos a acessar, recuperar, entender, avaliar, usar, criar e compartilhar informações e conteúdos de mídia em qualquer formato, usando diversas ferramentas, de uma maneira crítica, ética e efetiva para gerar participação e engajamento pessoal, profissional e ações sociais.

O Digital International Media Literacy Ebook Project (DIMLE) é um projeto que busca promover uma abordagem global e qualificada sobre o assunto e estimular que o tema seja cada vez mais absorvido pelas escolas. Trata-se de um trabalho que reúne profissionais da área dos cinco continentes para adaptar o livro Media Literacy: Keys to Interpreting Media Messages, do professor estadunidense Art Silverblatt, da Webster University.

O MEL está desenvolvendo a versão brasileira que trará casos e pesquisas de nosso país, como o Idade Mídia. O projeto do Colégio Bandeirantes, que já tem 13 anos, coloca um grupo de estudantes para descobrir, experimentar, escutar e sobretudo vivenciar um ano no universo da comunicação. Os primeiros dez anos da experiência estão sistematizados no livro Idade Mídia – A Comunicação Reinventada na Escola.

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Bruna Domingues Waitman é formada em administração pública e diretora do Media Education Lab (MEL), organização que aposta no poder da rede para transformar a educação de maneira criativa.