Por Mila Gonçalves

Brincadeiras de pião, jogos manuais, esconde-esconde e muitos outros costumes que fazem parte da infância de brasileiros hoje compartilham seu espaço com recursos tecnológicos. O mundo tem se transformado e com isso a educação também se reinventa. Trazer recursos do mundo digital para dentro dos muros da escola tem sido um dos muitos desafios enfrentado pelas escolas no Brasil e no mundo, e com as do campo não é diferente. Assim como no uso recreativo, as ferramentas do século 21 são importantes como meio, e não como fim em si na educação. A intenção é que computadores, notebooks, tablets e celulares sejam instrumentos de motivação dos alunos, sempre facilitando o acesso a conteúdos relevantes e instrutivos para as mais diversas áreas do conhecimento e da vida cotidiana. Essas são potentes ferramentas também para o empoderamento do aluno como autor de conteúdos e conhecimento.

Algumas experiências, como o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), do governo federal, e o Programa Escolas Rurais Conectadas, da Fundação Telefônica Vivo, têm fomentado a formação de professores do campo para uso de tecnologias que transformem práticas pedagógicas. Em dezembro de 2015, encerramos a formação de professoras de quatro escolas do campo no município de Vitória de Santo Antão (PE). Durante todo o ano, as professoras foram estimuladas a utilizar devices, conectados ou não, para desenvolvimento de suas atividades em sala de aula. Partindo dos saberes locais, alunos e professoras desbravaram diferentes aspectos de suas comunidades, trabalhando em grupos temáticos de leitura, escrita, games e produção autoral.

Outra experiência da Fundação está em Viamão (RS), onde uma escola do campo conectada faz uso de um device por aluno, com mediação dos professores, e já entra em seu terceiro ano de atuação trazendo uma evolução significativa na aquisição de competências do século 21 por todos os envolvidos no processo.

O importante é que, por mais fascinantes que sejam, os recursos tecnológicos devem fazer parte de uma metodologia de ensino e aprendizagem mais abrangente, que envolva estudantes e professores. É preciso impulsionar processos educacionais diferenciados nas escolas, oferecendo, além da infraestrutura tecnológica, formação do docente, metodologias e acesso a conteúdos diversificados. A educação no campo no Brasil dispõe de inúmeras oportunidades e é sempre possível modernizar e tornar mais significativos os processos dentro da sala de aula.

 

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Mila Gonçalves é gerente de projetos da Fundação Telefônica Vivo.