Acombinação do mundo presencial com o mundo virtual parece uma boa receita não só para a vida cotidiana, mas também para a educação. Há cinco anos trabalhando com ensino a distância (EAD), inicialmente para projetos de extensão, a Universidade Positivo criou, em 2013, a UP Online para graduação e pós-graduação, adotando a metodologia chamada blended — que combina ensino presencial com ensino virtual. Mais de 15 mil alunos já estão matriculados nessa modalidade, enquanto os totalmente EAD reúnem cerca de três mil alunos. Carlos Longo, pró-reitor acadêmico, estima que, em uma década, esse será o formato de todos os cursos ofertados: “Nas universidades dos Estados Unidos o número de cursos híbridos já é enorme, é uma tendência, não tem como fugir”.
Na graduação, a UP Online oferece cursos de gestão comercial, processos gerenciais, gestão financeira, licenciatura em pedagogia, gestão de RH e logística. Na pós, tem MBA em gestão de projetos, em gestão de marketing — gestão comercial e vendas, em business intelligence, em game design, em psicopedagogia, em educação infantil, em gestão escolar, e em gestão, inovação e docência na educação a distância. São mais de 20 opções na extensão.
“Na nossa visão, não existirá mais curso presencial, nem EAD. O futuro é híbrido”, sentencia o pró-reitor acadêmico. A universidade segue por esse caminho. Ele ressalta: “A gente entende que, hoje, a formação de um jovem ou adulto requer as duas modelagens de educação: os momentos presenciais, mas também a aprendizagem por meio das ferramentas virtuais, seja no ambiente de internet, rádio, TV, não importa. O objetivo é fazer esse processo de inclusão social. O tripé é acessibilidade, equidade e qualidade.”
Para criar os cursos online e os híbridos, a Universidade Positivo preparou seus profissionais a partir da construção colaborativa. No total, a Universidade Positivo tem 800 professores para os cursos presenciais e a distância. Um grupo responsável pela coordenação do EAD valida a metodologia, o uso das tecnologias e se encarrega da formação de professores, que serão os autores do conteúdo. A formação dura em média 45 dias, com carga horária de 40 a 60 horas. Há também um encontro presencial no polo da Universidade Positivo em Curitiba, para uma dinâmica.
O método adotado para o ensino a distância é o action learning, conceito de aprendizagem que começou na década de 1980 (focada inicialmente no mercado de trabalho). O aluno tem a parte teórica, uma leitura semanal, de 15 a 20 páginas, associa isso com um vídeo de 3 a 5 minutos, que faz a ponte entre teoria e prática. O aluno faz uma disciplina mensal e tem um encontro presencial. Durante a implementação do modelo, a principal dificuldade foi vencer o ceticismo dos professores, preocupados com o perfil dos alunos e com a efetividade do aprendizado fora da sala de aula. “Trabalhar na internet é bom porque dá mobilidade. Mas se não tem encontro presencial todo mês, fica frio”, pondera Longo.
A universidade trabalha com e-books, biblioteca virtual e muitos conteúdos em vídeos, produzidos pela própria instituição, ou de outras fontes
Dois anos depois, a constatação é de que o desempenho é muito parecido com o dos alunos tradicionais. Na visão de Longo, o aluno do EAD tem que trabalhar mais, pois tem que fazer pesquisa e estudar toda semana. Ele lembra que é comum, no ensino presencial, o aluno adiar o estudo para o período das provas. No ensino a distância, precisa se organizar para acompanhar as aulas. A universidade trabalha com e-books, biblioteca virtual, mas a biblioteca física do polo também está equipada. Há muitos conteúdo em vídeos, produzidos pela própria instituição, ou de outras fontes. No Facebook os alunos dispõem de páginas temáticas do curso. A proposta é de que o aluno leve para fora da sala de aula virtual debates relevantes, relacionados aos temas de estudo. O efeito, segundo Longo, é surpreendente. Toda vez que o professor coloca uma temática, os alunos entram na discussão e muitas vezes esse debate na rede social avança na sala de aula.
A UP Online adotou a plataforma da empresa estadunidense Kaltura para streaming de vídeo e sistemas de gestão da aprendizagem (LMS, de Learning Management Systems) da Blackboard, também estadunidense. Os softwares são da Microsoft. “Mais importante do que os acessórios tecnológicos é o que está por trás do software. É a técnica do vídeo, é como conecta a teoria à prática, porque cada elemento do curso tem uma conexão entre a parte teórica e a prática, então, quando o aluno lê a teoria e vê o vídeo, depois faz um game que associa as duas coisas, ele descobre que tem uma técnica, e tudo faz sentido”, diz Longo.
Em 2015, a UP Online começa a adotar o conceito de adaptative learning. O objetivo é melhorar o desempenho dos alunos. Em um curso de matemática, por exemplo, o professor dá um exercício de equação de primeiro grau. Embora todos os alunos estejam no mesmo curso, cada um tem um grau diferente de dificuldade. Um sistema de adaptative learning é capaz de identificar a necessidade específica de cada aluno — se ele tem mais dificuldade em álgebra, o programa vai oferecer a ele mais exercícios de álgebra. “Em uma sala de aula presencial eu acabo nivelando a turma. Se a maior parte é mais fraca, eu prejudico quem sabe mais. Com um software desse tipo, é uma régua só. Todos são mantidos no mesmo ambiente, mas com velocidades de aprendizagem diferentes”, explica Longo.
Universidade Positivo (programa Educação a Distância)
Instituição particular
Mantenedor: Grupo Positivo
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Aqui, todas as reportagens do Anuário ARede 2015 – Boas práticas do uso de TICs no ensino superior