Há mais de mais de 40 anos atuando como professor, fui acumulando experiências em diversos campos, sempre buscando trazer para a sala de aula todas as experiencias vividas aqui e acolá.

Nesse tempo, tive o privilégio de estar em contato com pessoas mais jovens que me provocam e estimulam a provocá-las também. Hoje, sei que muitos dos profissionais que estão atuando no mundo do trabalho, pelo menos aqui pela Bahia, passaram por mim como professor e que dei uma pequeninha contribuição para que esses profissionais sejam mais comprometidos socialmente, mais solidários e mais ativistas.

Sempre lutei – e continuo lutando – para a valorização dessa profissão, pois a considero estratégica se pensamos na construção de uma nação solidária, justa e sem desigualdade social.

Como formador de professores, tenho defendido que esses profissionais precisam estar comprometidos com o desenvolvimento econômico, social e humano do país. Que sejam profissionais que tenham clareza da importância do seu papel e que precisam ser apoiados e fortalecidos. A nossa profissão deveria ser uma das mais cobiçadas no mercado de trabalho e, lamentavelmente, não é.

No último ano, como parte da carreira do magistério superior, passei por um processo avaliativo para minha progressão para professor titular da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) A sessão pública realizada em 5 de dezembro de 2015 está disponível em http://goo.gl/ETYFfc. Esse novo processo de progressão foi uma conquista das nossas últimas greves e, para tal, elaborei um memorial que agora foi transformado no livro Uma dobra no tempo – um memorial (quase) acadêmico, publicado pela Editus, a editora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Essa editora, junto com outras, como a nossa Edufba, vem fazendo um belo trabalho editorial e de democratização da sua produção que merece ser destacado (uesc.br/editora e edufba.ufba.br).

Entrei na UFBA em abril de 1978, como professor do Instituo de Física, e, desde então, tenho atuado de maneira intensa em minha universidade e fora dela. O livro que aqui apresento traz um pouco das minhas reflexões ao longo desse tempo. Para tal, articulei muitas coisas e resgatei muito material. Tenho uma certa obsessão por memória e um enorme respeito pela história. Procurei trazer documentos, fotos e referências históricas, buscando dar conta de um percurso que, ao ser percorrido, foi me constituindo no que hoje denomino “um professor com um jeito hacker de ser”, tema das pesquisas do nosso grupo Educação, Comunicação e Tecnologias (GEC – gec.faced.ufba.br) na UFBA.

Procurei, no livro, manter a abordagem que tem presidido todas as nossas pesquisas e intervenções, que é a de compreender a educação como um campo que precisa ser abordado de forma ampla, dentro dele mesmo, claro, mas, e talvez principalmente, compreendendo que os desafios trazidos para a educação só serão enfrentados se tivermos a capacidade de olhar para ela e para fora dela, pensando nas tecnologias, nas ciências, nos diversos saberes, nas políticas, tudo de forma intensamente articulada.

Espero que a leitura de Uma dobra no Tempo lhe faça viajar um pouco por todos esses campos, assim como fiz ao longo desses mais de 40 anos.

Nelson Pretto é professor titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA )

www.pretto.infonelson@pretto.pro.br