AS EXPERIÊNCIAS de países que conseguiram conectar todas as suas escolas com banda larga de alta velocidade, em cerca de cinco anos, estão descritas no relatório “Programa de Conectividade Escolar para o Século 21”, divulgado pela Cisco em novembro de 2015. O estudo abrange Estados Unidos, Irlanda, Nova Zelândia, Portugal e Uruguai – onde, apesar da universalização, a qualidade do serviço é variável.

Dados da Europa mostram que a banda larga não é ubíqua e as redes locais muito menos; a maioria dos estudantes tem acesso abaixo de 30 Mbps. No restante do mundo, a conectividade das escolas é ainda mais desigual. Segundo pesquisas do Instituto de Estatísticas da Unesco que, realizou pesquisas sobre a tecnologia na educação na Ásia (2012) e na América Latina e Caribe (2010/11), há grandes lacunas na conectividade das escolas não só entre os países em desenvolvimento, mas também entre os desenvolvidos.

Nos países para os quais existem dados disponíveis, a presença da internet em instituições secundárias públicas varia entre 6% e 100%, mas o índice máximo está restrito a poucos. A disponibilidade de redes LAN (locais) em escolas secundárias públicas em países em desenvolvimento ainda é limitada e não há informações sobre a extensão da cobertura nas escolas. Os progressos alcançados por Irlanda, Portugal, Nova Zelândia, Uruguai e Estados Unidos são considerados modelos, segundo o estudo da Cisco, pelo modo como esses países tornaram isso possível.

“São casos com elementos em comum. Todos são baseados em uma visão clara do governo de transformação da educação por meio da digitalização e da conectividade. A implementação foi rápida e eficiente, levando entre três e cinco anos. Existiram diferentes fontes de financiamento. E os projetos focaram não apenas levar conectividade, mas impactar o ensino”, avalia Andrés Maz, diretor de Políticas de Tecnologia Avançada da Cisco.

O fato de uma escola estar conectada à internet, alerta o documento, não é tão importante quanto a forma como se dá a conexão. Pois a tecnologia educacional envolve vários aspectos, incluindo a qualidade da conexão, a extensão de rede LAN, a existência de uma rede WAN conectando a escola com outras instituições de ensino, a instalação de roteadores Wi-Fi dentro dos seus prédios, as ligações físicas da internet e seu gerenciamento (com firewalls de segurança e filtragem de conteúdo) e os serviços de banda larga em cada sala de aula e em cada computador (PCs, tablets, scanners, impressoras, monitores, placas de LED etc).

Entre as recomendações do relatório está a necessidade de “ter uma razão ou visão convincente do porquê conectar as escolas. Um compromisso superior é essencial para garantir a vontade política e o financiamento necessários para levar a cabo o programa”. O relatório propõe ainda que haja um plano apoiado em objetivos mensuráveis, fontes confiáveis e estáveis de financiamento, além de um mecanismo para aferir se a conectividade precisa ser atualizada, o que demandaria um novo programa. Outro ponto destacado foi a formação dos professores. Em Portugal, o Plano Tecnológico da Educação (PTE), desenvolvido pelo governo em 2007, estabeleceu como meta para 2010 que 90% dos professores tivessem formação em TICs.

Infraestrutura é fundamental. Por isso, no Uruguai, quando foi lançado o Plan Ceibal, em 2006, foi criado também o programa Luzes para a Aprendizagem – uma inciativa especial para fornecer energia elétrica a escolas rurais. Em 2014, o Uruguai se tornou o primeiro país da América Latina a conectar 100% das escolas públicas à internet, conta o relatório.

MEDIDAS EFICAZES

Para atender à necessidade de distribuição de sinal, um bom exemplo citado no relatório é o da arquitetura montada na Irlanda. Uma rede de longa distância (WAN) fornece conectividade à internet upstream. A conexão física real à internet adota várias tecnologias – ADSL, wireless, satélite etc. Cada escola tem um roteador que leva o sinal para todo o campus em redes locais )LANs). Os serviços gerenciados nas escolas, como provisão de firewall ou filtros, oferecidos pela WAN, melhoram a segurança e reduzem o custo total. Como referência de gestão, um exemplo destacado no relatório da Cisco vem dos Estados Unidos, onde o E-rate, Programa escolas e bibliotecas foi criado com contribuições de serviços universais de operadoras de telecomunicações. O programa subsidia custos de acesso à internet em escolas públicas de ensino fundamental e médio, com descontos entre 20% e 90%, dependendo da condição da escola. Desde o início do programa, em 2007, o número de instituições de ensino conectadas subiu de 65% para 100%. Mas esse é apenas um de quatro programas financiados pelos fundos de serviço universal que destinam verbaspara a educação.

Em Portugal, o PTE é administrado pelo Ministério da Educação e Ciência por meio de um Conselho Gestor e de uma Equipe de Coordenação Executiva. Todas as escolas têm um representante na coordenação do projeto. São feitas parcerias com prefeituras (por serem responsáveis pela educação local), os pais (compram os computadores) e o setor privado (provedores de serviços de telecomunicações e computadores). O financiamento do Plano vem de três fontes – a maior parte do financiamento inicial veio de taxas pagas pelas operadoras pagas pelo espectro do 3G em 2.000. O governo contribuiu com parte do orçamento e pais e professores adquiriram os laptops.(A.L.)

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