Por Gabriella Bighetti

Não raro, é possível encontrar recursos digitais como projetores, computadores com internet e câmeras digitais à disposição dos educadores para utilização com os alunos. O sucesso para a incorporação dessas facilidades tecnológicas no dia a dia pedagógico, no entanto, está relacionado à formação dos educadores para o uso da tecnologia e ao sentido que eles veem em usar novas práticas na sala de aula. É o que mostra a primeira etapa do relatório “Tendências da Vida Virtual na Educação (TVVE)”, que traz dados sobre o uso de recursos digitais na educação regular em instituições públicas e privadas do Brasil.

Feito com o apoio da ferramenta de diagnóstico de aprendizagem QMágico, o levantamento reúne a percepção de gestores de escolas em 15 estados e o Distrito Federal, sendo 956 públicas e 147 privadas. Para grande parte dos participantes da pesquisa (36,5%), a formação de professores é o fator que mais contribui com o aumento do uso da tecnologia na educação.

Os resultados reforçam que, mais do que simplesmente prover infraestrutura, é preciso investir em formação tecnológica dos educadores, apontar caminhos, quebrar paradigmas para trazer de fato a revolução digital para dentro da sala de aula, mostrando na prática como os recursos podem ser empregados, e incentivar os alunos a adotar as ferramentas disponíveis como novas possibilidades de aprendizado.

No interior de São Paulo, Maria Izabel Rodrigues ensina crianças do fundamental a ler e escrever. Na escola onde ela atua, a conexão e a formação tecnológica dos educadores já aconteceu, mudando a forma de ensinar. Ela ressalta que “o uso da tecnologia em sala de aula, além de melhorar as práticas pedagógicas, desperta maior interesse por parte dos alunos. E nos torna mais atentos com o que está acontecendo no mundo e criativos para inovar em sala de aula”. Hoje, quando Maria Izabel vai ensinar, o celular, por exemplo, pode ser mais uma ferramenta. Ela conta que muitas vezes o professor fica um pouco desatualizado e que isso é comum, em um mundo que se atualiza o tempo todo. Ela relata que, com as novas tecnologias, não só o computador, mas também o celular, e até com a TV, é possível fazer algo diferente. Maria Izabel faz parte de uma rede de professores do Programa Escola Rurais Conectadas, que trabalha exatamente para isso: qualificar os professores para encontrarem novos caminhos pedagógicos, derrubar mitos sobre a utilização da tecnologia em sala de aula e ampliar verdadeiramente as perspectivas para as futuras gerações de brasileiros.

Entendemos que de pouco servem os subsídios tecnológicos se a base do aprendizado não se reinventar constantemente e continuar sendo composta pelo trinômio professor, lousa e giz. Sem o capital humano preparado e consciente, a escola e a educação no Brasil correm o risco de ficar ultrapassadas.

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Gabriella Bighetti é diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo.