Já pensou em preparar uma solução de ácido sulfúrico em um laboratório virtual? Armário de vidrarias e soluções, bancadas, pHmetro, tabela periódica, equipamentos de aferição fazem parte do ambiente 3D do Laboratório Virtual de Química, desenvolvido pela Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância (Cead) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que fica em Minas Gerais. O projeto de Laboratórios Virtuais é uma entre as várias iniciativas da instituição no que diz respeito ao uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) para a aprendizagem. E se destaca não apenas porque é resultado de uma competência acadêmica no desenvolvimento de materiais didáticos interativos, mas também pelo porte. “Foram desenvolvidas 196 práticas de laboratórios virtuais nas áreas de física, química, matemática, biologia e libras”, comenta o pró-reitor de Ensino, Frederico Passos.
O professor André Fernando de Oliveira, mestre e doutor em química analítica, e coordenador do Laboratório Virtual de Química, ressalta que o laboratório virtual é uma ferramenta de apoio ao laboratório presencial. “O ambiente virtual foi feito para que o aluno esteja mais preparado para o ambiente real, compreendendo melhor os procedimentos a serem executados, os cuidados experimentais, os aspectos de segurança pessoal, coletivo e do patrimônio”, explica Oliveira.
Instituída em 2001, com o propósito de coordenar, estimular e apoiar atividades apoiadas por TICs nas diversas áreas de ensino, a Cead promove a produção de uma ampla gama de recursos didáticos interativos, jogos, simulações, videoaulas, tutoriais, entre outros. A coordenadoria também abriga projetos especiais, como o portal Espaço do Produtor, criado em 2008. Com quase 17 mil usuários cadastrados, o site é um canal de compartilhamento do conhecimento produzido na UFV com pequenos produtores rurais e traz dicas de serviços gratuitos, cursos, artigos, classificados, cotações de produtos, eventos. Qualquer departamento ou grupo de professores pode solicitar apoio da coordenadoria para criar um portal, desde que a iniciativa seja resultado de pesquisas da universidade — teses de mestrado, doutorado ou iniciação científica — ou de projetos de extensão.
Tudo que é produzido fica hospedado no ambiente virtual de aprendizagem da própria universidade, o PAVNet, criado em 2003 por técnicos da Cead e da Diretoria de Tecnologia de Informação da UFV. O PAVNet reúne, hoje, conteúdos de mais de duas mil disciplinas. Na página web, professores e estudantes encontram orientações sobre a utilização do PVANet, a produção de material didático, a preparação de cursos e até sobre legislação de ensino a distância.
“A parte mais importante da utilização das TICs no processo educacional é a qualidade e a diversidade do material didático oferecido. Para produzir bons materiais, não há segredo: além da competência da equipe, são necessários espaço físico adequado e equipamentos de qualidade. Portanto, a estrutura física é indispensável”, alerta Passos. Por isso, a instituição fez investimentos em infraestrutura e aquisição de equipamentos modernos.
O principal e mais importante papel das TICs no processo educacional é a produção de material didático de qualidade. Isso exige instalações adequadas e bons equipamentos
O prédio da Cead, com 2.200m 2 de área construída, abriga estúdios, cabines de gravação, sala de edição de áudio e vídeo, de edição e editoração de texto, de desenvolvimento de material interativo e de desenvolvimento de sistemas, salas de videoconferência, de transmissão de aulas com modernos equipamentos tais como lousa digital e mesa digital, auditório para videoconferência e webconferência.
“Os professores das mais diversas áreas nos procuram para a produção de materiais. Depois da demanda, fazemos o projeto do material interativo a ser desenvolvido pela equipe, o cronograma e avaliamos os recursos a serem investidos”, conta o técnico de TI Pedro Sacramento. Ele trabalha na UFV desde 2013 auxiliando o professor na definição do material interativo e participando do desenvolvimento desses recursos digitais.
A criação de jogos e simulações para web ou pra dispositivos mobile, que acontece desde 2008, utilizava, predominantemente, a tecnologia do Adobe Flash. Com o uso cada vez maior de dispositivos móveis, os técnicos buscaram alternativas — inclusive optando por utilizar softwares livres e de código aberto como o Haxe, o Godot, o libGDX, o AndroidStudio.
A Cead tem um trabalho consistente e forte também na capacitação para o uso educacional das novas tecnologias. Ministra cursos e oficinas abertos a professores, alunos e técnicos de toda a universidade. Recentemente, lançou mais um curso, de mídias interativas, com carga de 30 horas. O curso foi oferecido a estudantes de licenciaturas da UFV, que vão aprender sobre as várias opções de mídias e suas utilizações no processo de ensino aprendizagem.
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