Os Recursos Educacionais Abertos existem há um bom tempo no mundo, mas que ganharam força no Brasil em 2008, com a criação do REA.net.br e o início de organização de uma comunidade ativa de educadores.
Os REA vêm ajudando professores de todo o país a usar materiais criados e testados com sucesso por outros professores. Todos podem criar seus próprios conteúdos e publicar com licença livre em uma das dezenas de bibliotecas abertas disponíveis na rede.
Esse caráter democrático, focado em uma educação fora dos engessados materiais patenteados, está em evolução (e ebulição) constante, debatido por um grupo que se reúne periodicamente para trocar informações sobre os avanços e novidades do segmento. O que eles pretendem é disseminar os recursos abertos para um número cada vez maior de educadores em todo o país.
Um desses encontros aconteceu na semana passada, em um dos auditórios da PUC-SP, campus da Consolação, em São Paulo (SP). O debate teve enfoques variados – de como obter fontes de financiamento para a causa, a propostas para alcançar mais professores e ampliar a rede.
Porém, não foi uma reunião convencional. Priscila Gonsales e Debora Sebriam, do Instituto Eucadigital, instituição que organizou o encontro, propuseram um exercício utilizando a abordagem do design thinking. Nessa abordagem, os desafios propostos são debatidos em dinâmicas de grupo que evoluem em várias etapas. Começa com os envolvidos soltando as ideias e termina com soluções práticas. No percurso, os orientadores ressaltam a importância de buscar o humano, analisar o problema e a solução a partir da perspectiva do quanto impactam as pessoas.
Priscila explica que o design thinking tenta aplicar a essência do design a outras formas de pensar. “O design está centrado nas pessoas. Sua essência está associada ao bem estar. Por isso, parte-se de experiências em três focos: empatia, colaboração e experimentação. A ideia é criar com as pessoas, e não para as pessoas”, observa.
Ao longo de pouco mais de três horas, os participantes receberam os desafios, que devem ser abordados em diferentes etapas. Na primeira, todos têm de abrir a mente e pensar quais são as certezas e as incertezas envolvendo aquele problema. Em seguida, agrupam os resultados por afinidade. Depois é o momento de pensar quais tipos de pessoas se relacionam com aquelas questões e, finalmente, resolver as questões tendo em vista essas pessoas.
De todo o exercício saíram três ideias para fazer o REA.br ganhar mais corpo no país. Uma, para engajar professores, é o desenvolvimento de um aplicativo que permite criar e usar recursos educacionais abertos, compartilhar experiências e usar licenças livres. Outra ideia foi uma plataforma para conexão e ação em rede. E também surgiu a proposta de um plano de comunicação, buscando colocar o REA.br na pauta de grandes mídias.
Ao menos a primeira ideia vai ser aplicada, com certeza. O empresário Roberto Garcia, da Neocyber, já tem um aplicativo livre que faz boa parte do que os grupos pensaram no encontro. Agora, vai incorporar as propostas para que a comunidade REA possa se beneficiar do software. “Baseado do que fizemos aqui [no encontro] vamos acrescentar à plataforma um sistema de geolocalização nos perfis e colocar uma função para permitir que perfis semelhantes se encontrem”, anima-se.
A comunidade pode contribuir, seja pelas páginas da REA.br, seja pelo grupo no Facebook. Quer mais detalhes sobre as propostas? Dá uma olhada nas ideias surgidas no REA.br. Mais sobre design thinking? Então dá um pulo aqui na biblioteca de REA e confira este material que, claro, é aberto!