A Cisco apresenta o relatório “Programa de Conectividade Escolar para o Século 21” na América Latina. O estudo abrange Irlanda, Portugal, Nova Zelândia, Uruguai e Estados Unidos – países que conectaram todos as suas escolas e transformaram os processos educacionais em sala de aula em menos de cinco anos.

“A maioria dos países já tem algum programa para a conectividade das escolas. Infelizmente, as velocidades de conexão muitas vezes são lentas e a conectividade raramente se estende até a sala de aula. Em outras palavras, podemos estar se conectando as escolas, mas muitas vezes não estamos conectando professores e alunos à comunidade global de aprendizagem”, diz Andrés Maz, diretor de Políticas de Tecnologia Avançada da Cisco.

O relatório é a primeira iniciativa de um esforço multifuncional da Cisco para expandir políticas governamentais nacionais destinadas a conectar escolas à internet. O objetivo, de acordo com a empresa, é aumentar o foco das políticas de conexão em alta velocidade dentro das escolas e fornecer ferramentas para a criação de programas nacionais bem-sucedidos.

A investigação realizada pela Cisco aponta que países europeus, norte-americanos e asiáticos de alta renda têm virtualmente todas as escolas conectadas à internet – embora a qualidade da conexão seja variável. Por exemplo, na Europa a banda larga não é ubíqua e as redes locais muito menos; de modo que a maioria dos estudantes têm acesso abaixo de 30 Mbps.

No restante do mundo, a conectividade das escolas é ainda mais desigual. O Instituto de Estatísticas da Unesco realizou pesquisas sobre a tecnologia na educação na Ásia (2012) e na América Latina e Caribe (2010/11). Segundo os relatos, há grandes lacunas na conectividade das escolas, não só entre os países em desenvolvimento, mas também entre os desenvolvidos.

Nos países para os quais existem dados disponíveis, a presença da internet em escolas secundárias públicas varia entre 6% e 100%, mas poucos oferecem banda larga a todas as escolas públicas secundárias. A disponibilidade de redes LAN (locais) em escolas secundárias públicas em países em desenvolvimento ainda é limitada e não há informações sobre a extensão da cobertura nas escolas.

No Brasil

O Brasil não é muito diferente disso, constata Ricardo Santos, gerente de Desenvolvimento de Negócios na vertical de Educação da Cisco. “Temos, na média, acessos entre 2 Mbps e 4 Mbps, mas existem ilhas de excelência, como escolas da rede municipal da cidade de Piraí, no Rio de Janeiro, e escolas privadas de São Paulo. Portanto, a questão é: como replicar essas boas práticas”.

Para Santos, ter conectividade e Wi-Fi dentro da sala de aula não é mais tema de discussão. Precisamos, acredita ele, debater os elementos necessários para fazer a integração da tecnologia com a pedagogia, debater o que fazer com a conectividade.

O “Programa de Conectividade Escolar para o Século XXI” foi apresentado no Fórum de Líderes em Educação e Tecnologia, iniciativa da Cisco que há três anos reúne representantes de instituições de ensino públicas e privadas. Entre as conclusões observadas a partir da análise dos dados, estão: 1) a necessidade de se construir uma liderança transformadora, que motive as políticas públicas e busque as boas práticas; 2) a alocação adequada da tecnologia, a partir de um modelo em que a área de TI se reporte ao setor pedagógico; 3) uma gestão compartilhada da tecnologia educacional, envolvendo gestores, educadores e alunos; 4) a preparação do professor não no sentido de dominar a técnica mas de se apropriar das ferramentas digitais disponíveis.

Lições dos países bem-sucedidos

Além de conseguir conectar todas as suas escolas a uma média de 1 Gbps por 1 mil estudantes, os progressos alcançados por Irlanda, Portugal, Nova Zelândia, Uruguai e Estados Unidos são considerados modelos, segundo a Cisco, pelo modo que como esses países tornaram isso possível.

“São casos com elementos em comum. Todos são baseados em uma visão clara do governo de transformação da educação por meio da digitalização e da conectividade. A implementação foi rápida e eficiente, levando entre três e cinco anos. Existiram diferentes fontes de financiamento. E os projetos focaram não apenas levar conectividade, mas impactar o ensino”, avalia Andrés Maz.

Na Irlanda, 4.009 escolas e 900 mil alunos dispõem de conexão com custos diferentes e investimento inferior a 50 milhões de euros. Em Portugal, foram 6.864 escolas e 1,2 milhão de alunos impactados, atingindo 100% das instituições em um dos países europeus com maior e melhor conectividade, com velocidades de até 48 Mbps por escola. Na Nova Zelândia, pouco menos de 3 mil escolas e 738 mil estudantes se conectaram, através de fibra óptica em regiões de fácil acesso e de redes sem fio, no caso de instituições remotas. No Uruguai, o único país da América Latina que se destacou, 2.453 escolas foram conectadas pelo Plano Ceibal, com investimento de 238 milhões de dólares. Por fim, nos Estados Unidos, 98.328 escolas foram conectadas e quase 50 milhões de alunos impactados em cinco anos.

O que é uma escola realmente conectada?

De acordo com o relatório apresentado pela Cisco, o fato de uma escola estar conectada à internet não é tão importante quanto a forma como se dá a conexão. Pois a tecnologia educacional envolve vários aspectos, incluindo a qualidade da conexão (velocidade da internet), a extensão de rede LAN (local), a existência de uma rede WAN conectando a escola com outras instituições de ensino, a instalação de roteadores Wi-Fi dentro dos seus prédios, as ligações físicas da internet e seu gerenciamento (com firewalls de segurança e filtragem de conteúdo) e os serviços de banda larga em cada sala de aula e em cada computador (PC, tableta, scannesr, impressoras, monitores, placa de LED etc).

Recomendações para os países

Entre as recomendações do relatório da Cisco para países interessados em transformar a educação por meio de conectividade, está a necessidade de “ter uma razão ou visão convincente do porquê conectar as escolas”. Um compromisso superior é essencial, diz o documento, para garantir a vontade política e o financiamento necessários para levar a cabo o programa.

O relatório recomenda que haja um plano apoiado em objetivos mensuráveis, o que é crucial para manter o programa encaminhado e realizado de acordo com prazos estabelecidos. É também crucial ter fontes confiáveis e estáveis de financiamento.

Outro ponto destacado é o elemento da tecnologia em si, que inclui componentes importantes de conectividade, como a largura de banda, as redes locais e os serviços de hardware e de suporte. A capacitação dos professores e de conteúdo apropriado também são considerados essenciais para que o programa de conectividade nas escolas seja bem-sucedido.

Um mecanismo de acompanhamento e avaliação é apontado como essencial para o progresso e para determinar também se a conectividade existente precisa ser atualizada, o que demandaria um novo programa. (Com assessoria de imprensa)

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