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O sistema de webconferência dispõe de quatro estúdios onde se gravam aulas, reuniões e eventos acadêmicos que são transmitidos para outros ambientes

Ao entrar para o Sistema Universidade Aberta (UAB) no início do programa, em 2007, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) não se limitou a cumprir seu papel de contribuir para a democratização do acesso ao ensino superior. A instituição assumiu a vocação de reconhecer e utilizar as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) como ferramentas de aprendizagem. E, desde então, vem cultivando um ecossistema próprio, para garantir que isso seja feito com qualidade.

Desde que foi criada a Secretaria de Educação a Distância (Sead), em 2009, o que se chamou de “jeito UFSCar” de fazer EAD contabiliza cerca de 1,5 mil alunos em cursos a distância de bacharelado, especialização e licenciatura, atendidos por 25 polos de apoio presencial em seis estados brasileiros. E as metas não são apenas numéricas. O curso a distância de licenciatura em Pedagogia, por exemplo, obteve o conceito máximo de excelência (5), em 2014, mais do que a nota do mesmo curso presencial (4). “No nosso entendimento, os cursos a distância precisam ter, no mínimo, o mesmo padrão de qualidade dos presenciais”, diz Aline Reali, secretária geral de EAD.

A instituição investiu em duas frentes fundamentais ao sucesso do modelo: formação de professores e produção de conteúdos. Um curso ou disciplina online começa a ser planejado um ano antes de ser ofertado. Todos os envolvidos — docentes, tutores, coordenadores de polos presenciais e equipes técnicas e pedagógicas — passam por formações continuadas, a partir de uma proposta de trabalho colaborativo e docência compartilhada. Aprendem desde a utilizar o sistema operacional Linux até a fazer um planejamento pedagógico para EAD.

 Equipes integradas por pedagogos e professores desenvolvem videoaulas, audiolivros, podcasts, e-books, games, animações, entre outros objetos educacionais 

A concepção e a produção de materiais — impressos e digitais — a serem utilizados pelos cursos são de responsabilidade de dois departamentos ligados à Sead: a Coordenadoria de Inovações em Tecnologias na Educação (Cite) e o Laboratório de Objetos de Aprendizagem (LOA).

Diferentes equipes, integradas por pedagogos e professores de sala de aula, desenvolvem recursos como videoaulas, audiolivros, podcasts, e-books, games, animações, entre outros objetos educacionais interativos. A universidade dispõe de um sistema de webconferência, com quatro estúdios onde se gravam aulas, reuniões e eventos acadêmicos que são transmitidos para outros ambientes presenciais, como os polos da UAB.

portal-arede-educa-Cultivando-tecnologia-educacional-01Desde 2008, a Cite produziu cerca de 3.800 produtos audiovisuais. Todos estão sendo reunidos no repositório digital Livre Saber (Lisa), de acesso livre.

Um dos produtos da Sead voltados ao público externo é o Portal dos Professores. Incluído no Guia de Tecnologias Educacionais do Ministério da Educação (MEC), o portal oferece formações e conteúdos para apoio e desenvolvimento de docentes do ensino básico. Tudo de acesso livre e gratuito. Mais de 14 mil usuários estão cadastrados na plataforma. “Grande parte é de professores de redes públicas de ensino que fazem um curso online de licenciatura”, conta Aline.

O curso de licenciatura em educação musical é um bom exemplo do didatismo possível nas plataformas digitais, independente da área do conhecimento. Criado em 2007, o curso dura quatro meses. Os estudantes fazem uma disciplina chamada tecnologia da internet para educação musical, pensada especialmente para dar apoio às atividades desse curso, como enviar fotos de si próprios para mostrar a posição das mãos em um instrumento, gravar vídeos, divulgar suas produções para o público externo em redes sociais.

No ensino presencial, um destaque de tecnologia aplicada à educação na UFSCar é o SimuCAD, laboratório de ensino, pesquisa e extensão na área de instalações industriais e logística. Alunos da graduação e da pós trabalham lado a lado com os professores e em projetos reais de empresas como Embraer, Petrobras, Correios. Nos trabalhos, utilizam recursos de computação gráfica e de simulação. O professor Nilton Menegon explica que ferramentas de games possibilitam mais fidelidade no cenário e mais flexibilidade na visualização: “Você monta, por exemplo, uma planta de fábrica com mobiliário, máquinas e pessoas, para estudar o melhor funcionamento da operação. O software de game permite que você literalmente  ́se movimente ́ por esse cenário tendo uma imagem com enorme fidelidade do espaço, dos movimentos humanos”.

Essa experiência foi motivante para o jovem Esdras Paravizo, aluno de engenharia de produção que entrou para o SimuCAD por meio do Programa Jovens Talentos para a Ciência. Hoje em intercâmbio na Holanda, ele se dedica a pesquisar o desenvolvimento de jogos e dinâmicas para o ensino de ergonomia e projetos de unidades produtivas. “O SimuCAD despertou meu interesse pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologia.

As aulas fazem mais sentido quando você consegue transpor a teoria ou a ferramenta que o professor explica em sala para a prática em um projeto real”, diz o estudante. Entre outras coisas, Paravizo desenvolveu no laboratório uma pesquisa para investigar o uso do Kinect na modelagem 3D e vai apresentar um artigo sobre o tema no Encontro Nacional de Engenharia de Produção, em outubro de 2015.

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Instituição pública
Mantenedor: Ministério da Educação (MEC)
ufscar.br | simucad.dep.ufscar.br | portaldosprofessores.ufscar.br

 

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