O Livox é um aplicativo que dá autonomia na fala a pessoas com deficiências. Foi foi desenvolvido por um brasileiro, pai de uma menina com de paralisia cerebral. O programa, hoje comercializado por meio de licenças que vão de um ano (R$ 799) a vitalícia (R$ 1.350), vai representar o Brasil na Reunião Anual dos Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), até o próximo domingo (29).

A solução foi eleita como A Inovação Tecnológica com Maior Impacto de 2014, no Demand Solutions, em Washington, em dezembro de 2014, evento este organizado pelo BID em parceria com o Blum Center da Universidade Berkeley, dos Estados Unidos. Foram 200 startups de 22 países na disputa, que contou com um júri de especialistas em empreendedorismo, inovação, financiamento coletivo e outras áreas.

No BID, Carlos Edmar Pereira, criador do software, falará para representantes dos 48 países, como ministros das Finanças, presidentes de Bancos Centrais e seus assessores, além de negociadores e potenciais investidores privados. De lá, o empreendedor social segue para Tóquio, no Japão, onde se reunirá com empresários intermediados pelo BID.

Fundado há quatro anos no Recife (PE), o Livox (Liberdade em Voz Alta) permite que pessoas com qualquer tipo de deficiência que impeça o processo da fala, como autismo, paralisia cerebral ou sequelas de AVC, tenham autonomia na comunicação. O aplicativo foi desenvolvido por Carlos Pereira especialmente para a sua filha Clara Pereira, hoje com 7 anos, vítima de paralisia cerebral decorrente de complicações durante o parto.

O Livox é baseado em algoritmos inteligentes que se ajustam a vários graus de dificuldades motora, visual e cognitiva. Os usuários podem relatar emoções, indicar exatamente o que querem comer; selecionar desenhos, filmes, jogos, músicas que desejam assistir e escutar; ajuda a aprender a ler e a estudar conceitos complexos como matemática; interagir rapidamente em perguntas cujas respostas sejam sim ou não; entre outras coisas. As atividades são ativadas pela seleção de figuras, textos e vídeos em tablet com o aplicativo instalado e as respostas são geradas por comando e voz.

Antes de criar a ferramenta, Pereira pediu auxílio a desenvolvedores internacionais, mas não conseguiu, para criar uma solução em português que promovesse autonomia à Clara, primeira paciente brasileira a fazer tratamento com células troncos, em 2009, na China. Desde então, o analista de sistemas conseguiu apoio de investidores estrangeiros e implantou uma clínica de fisioterapia no Recife (PE), onde reside e da qual ainda é diretor, para tratar sua filha. “Eles enviaram um contêiner com 2,5 toneladas de equipamentos médicos e eu precisei alugar um local, reformá-lo e contratar pessoas para fazer a clínica funcionar”, lembra Pereira.

Antes, a comunicação com a menina era feita pelos pais por meio de um catálogo de “falas”, ditas em voz alta quando selecionadas pela menina. Atualmente, a solução atende a 10 mil usuários, entre famílias e instituições de assistência brasileiras, como a APAE, e  é o objeto de estudo científico na área de cabeça e pescoço e na UTI do Hospital das Clínicas, em São Paulo, o maior da América Latina. (Com assessoria de imprensa)