Muito além de um site de games, Plinks é uma plataforma digital em que educadores e educandos exercem a aprendizagem por meio de atividades lúdicas e colaborativas. Desenvolvida pela Joy Street, veterana startup de Recife (PE), a ferramenta tem foco nas competências e conteúdos de Português e Matemática do ensino fundamental I (do 2º ao 5º ano). A proposta é propiciar a criação de cenários nos quais a criança se envolva e participe, aprendendo à medida que vence os desafios propostos. “São jogos digitais e enigmas articulados em uma narrativa, como nas plataformas lúdicas não educacionais com as quais as crianças já se engajam no seu cotidiano.
O conteúdo não é seriado (divido por séries), trabalhando as competências de forma evolutiva e aberta”, explica Marcelo Clemente, gerente de produto da Joy Street. Do ponto de vista pedagógico, a plataforma espelha as atividades encontradas nos livros didáticos impressos, mas apresentadas em formatos que incentivam o máximo de engajamento e de interesse dos alunos. O educador tem a possibilidade de construir um mundo virtual e levar os alunos e seus avatares a percorrer um caminho em busca de conhecimentos. Recursos de diagnósticos de desempenho ajudam a identificar e corrigir as dificuldades das crianças.
Elisabeth Santos, professora da Escola Municipal Emídio Dantas Barreto, no bairro de Santo Amaro, em Recife, utilizou o Plinks em abril de 2016. Primeiro, trabalhou nas disciplinas de Português (acentuação) e Matemática (operações, formas geométricas e problemas) no modelo tradicional. Depois, apresentou às turmas a ferramenta digital. “Era uma turma de 4º ano, alunos de nove a 12 anos, com problemas de alfabetização. Eles melhoraram bastante, pois trata-se de uma forma mais divertida de aprendizagem. Agora eles criaram o hábito de entrar na plataforma em casa”, diz a educadora.
No início, Jenifer Yasmim, aluna do 4º ano, achou que não ia conseguir. Mas depois viu que era possível superar os problemas e até ficava mais fácil aprender. Cleberson Luan de Andrade Gomes, de dez anos, já é bom aluno e tem facilidade de aprender. Para ele, a vantagem é que, a cada tarefa, precisa dar uma resposta, o que vai estimulando a aprendizagem: “Alguns acharam difícil no começo, pois na sala de aula, quando você não sabe, o professor explica. No Plinks tem as perguntas e você tem de saber a resposta para continuar jogando”.
Adriana Carvalho, gerente de negócios da Joy Street, explica que a startup resultou de um consórcio de empresas criado em 2008 para elaborar uma plataforma de ensino de acordo com uma demanda do governo de Pernambuco. A ferramenta acabou sendo adotada também no Rio de Janeiro. Com a criação da Joy Street, em 2011, a empresa iniciou o desenvolvimento do Plinks, com financiamento do Instituto Natura, da Fundação Telefônica e do Instituto Ayrton Senna.
O projeto começou a ser concebido em 2012. No final de 2014 e início de 2015, a plataforma passou por um período de homologação, sendo testada em mais de 50 escolas de diversos municípios do país. No final de 2015, entrou em operação no formato final. Hoje é adotada em escolas municipais de Aracaju (SE – 35 unidades de ensino) e de Recife (PE – 50 unidades). Atualmente, a Joy Street também negocia contratos com prefeituras do Amazonas, do Espírito Santo e do Pará. Em Recife, o desempenho do projeto nas 14 turmas que usam o Plinks será avaliado pela Move Social, empresa especializada em avaliação de projetos do terceiro setor. Os resultados serão divulgados no final de 2016.
O conteúdo não é seriado, trabalhando as competências de forma evolutiva e aberta. Recursos de diagnósticos ajudam a corrigir as dificuldades das crianças
A prefeitura de Aracaju e a prefeitura do Recife apoiam o projeto institucionalmente, colocando à disposição suas equipes de tecnologia na educação, que atuam junto aos profissionais da Joy Street. O Instituto Natura e a Fundação Telefônica também contribuem para realizar o monitoramento periódico das atividades. O Plinks foi pensado para ser um recurso educacional aberto, com baixo custo de manutenção e de fácil acesso. Diante da realidade brasileira de acesso à internet, em especial na áreas rurais, foi projetado para exigir o mínimo de configuração das máquinas e de conexão nas escolas.
A plataforma é hospedada na nuvem, em ambiente mantido e monitorado pela Joy Street, podendo ser acessada de qualquer lugar onde haja um link de no mínimo 1Mbps. Roda em qualquer navegador de internet. Está em curso uma versão para dispositivos móveis, que deverá ser lançada no início de 2017.
Para garantir a sustentabilidade do projeto, a Joy Street desenhou um novo modelo de negócios, em que há remuneração pela capacitação dos professores, pela implementação e pela geração de relatórios. Um instrutor da empresa pode apoiar um modelo personalizado por turma. Em Recife, cinco escolas já trabalham com esse instrutor, que participa do planejamento. “Somos remunerados por turma contratada, que tem direito a 15 encontros semestrais e relatórios de análise mensal. Cada turma tem uma aula por semana na grade curricular”, conclui Adriana.