portal-arede-educa-Aposta-em-EAD-e-laboratorio-inovador-01

Mais de mil docentes e estudantes de mestrado e doutorado já passaram pelo curso semipresencial com foco nas práticas docentes

A palavra giz faz lembrar o mais tradicional formato da sala de aula, em que o professor escreve a matéria na lousa e os alunos copiam em seus cadernos. Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no entanto, Giz remete exatamente ao oposto desse conceito. Foi o nome dado à Diretoria de Inovação e Metodologia de Ensino, responsável por guiar a instituição de ensino rumo a um novo modelo de ensino, do qual giz e quadro fazem parte, mas não reinam absolutos.

Criada em 2008, a diretoria oferece, entre outras formações e oficinas, um curso semipresencial com foco nas práticas docentes. Ao longo de 60 horas-aula, o curso, que usa a plataforma Moodle, aborda temas que vão desde gestão e didática até tecnologia educacional. Os conteúdos podem ser direcionados de acordo com o perfil de cada aluno, que dispõe de atendimentos presenciais para debater as questões mais a fundo. “Na área de saúde e exatas, a demanda maior é por conteúdos de didática; na de humanas, o maior interesse é por tecnologia”, conta o coordenador do Giz, professor Eucidio Pimenta Arruda.

 Todo o conteúdo desenvolvido pelos docentes é postado no repositório de objetos de aprendizagem, no site do Giz, como Recurso Educacional Aberto (REA). O acesso é livre

Mais de mil docentes e estudantes de mestrado e doutorado já passaram pela formação. Segundo Arruda, a partir da conclusão do programa os professores têm apresentado outros cursos e os conteúdos são agregados ao ambiente virtual de aprendizagem. Além de extrapolar a ideia inicial, a metodologia ajuda a quebrar o gelo do meio acadêmico em relação ao ensino a distância.

Considerado um passo importante para o ingresso definitivo da universidade no EAD, o Giz planeja oferecer disciplinas semipresenciais em todos os 76 cursos da instituição, a partir de 2016, dentro do percentual de 20% dos conteúdos curriculares de um curso de graduação nessa modalidade permitidos pelo Ministério da Educação. “É uma possibilidade de aumentar significativamente o número de alunos atendidos sem aumentar a infraestrutura física, além de inserir o aluno em uma formação inovadora”, afirma o coordenador do Giz, que é também coordenador do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) na UFMG.

portal-arede-educa-Aposta-em-EAD-e-laboratorio-inovador-02As formações do Giz utilizam as tecnologias disponíveis, de acordo com o tipo de aula: vídeos, jogos digitais, podcasts, aplicativos, animação, além dos materiais impressos. Todo o conteúdo desenvolvido pelos docentes é postado no repositório de objetos de aprendizagem, no site do Giz, como Recurso Educacional Aberto (REA). O acesso é livre para quem quiser. Podem ser consultados e baixados vídeos, objetos educacionais interativos e os programas de rádio da série Sucessos do Ofício, que possibilita a troca de experiências didáticas.

Outro projeto inovador acontece no curso de arquitetura da UFMG. Trata-se do Laboratório Gráfico para Experimentação Arquitetônica (Lagear), um laboratório computacional para ensino e pesquisa. O Lagear abriga “desde a investigação sobre o uso de novas tecnologias digitais para incrementar as construções de habitações populares em processo de mutirão até a realização de pesquisas de linguagem visual e desenho de interface”. O coordenador José Cabral Filho explica o papel da tecnologia nesse segmento: “A sua casa pode ter o mesmo nível de interação com você que o seu celular, saber onde você está, conversar com você. A tecnologia ficou mais potente, mais rápida e acessível. Devemos usar isso a nosso favor”.

portal-arede-educa-Aposta-em-EAD-e-laboratorio-inovador-03

Cercados por computadores, impressoras 3D, cortadoras a laser e máquinas fresadoras feitas na própria universidade, os estudantes vivenciam situações de aplicação da tecnologia no dia a dia de suas profissões

Cercados por computadores, impressoras 3D, cortadoras a laser e máquinas fresadoras feitas na própria universidade, os estudantes vivenciam situações de experimentação e de aplicação da tecnologia no dia a dia de suas profissões. Moradores do aglomerado Vila das Antenas, em Belo Horizonte, são testemunhas desse trabalho. Com o auxílio de programas de desenho parametrizado e dos equipamentos do laboratório, os alunos construíram uma máquina que produz, a partir de material reciclado, desde paredes até objetos para casa. Os itens são empregados na reforma das casas dos moradores da vila que não teriam condição de arcar com as melhorias de outra forma.

“Não dá para pensar arquitetura sem tecnologia, que estabelece uma dinâmica de formação maior”, observa Ricardo Hanyer, aluno do 5º período, que desenvolve no Lagear o projeto voltado para a Vila das Antenas. Outros mais já foram geridos no mesmo local, como é o caso de uma mesa com sensores, que funciona como um computador, e da estante programada para localizar o livro que se procura por meio de sensores de led ligados a um sistema digital.

“Os trabalhados são corrigidos de forma remota, pela internet, e os alunos são estimulados a conhecer novas interfaces e compartilhar o aprendizado com os colegas”, explica o professor. Tudo isso acontece assim que o estudante ingressa na universidade, logo no primeiro período. Hoje, diz Cabral, os alunos já chegam com domínio das interfaces, o que facilita o aprendizado: “O obstáculo agora fica por conta de transpor a barreira do tradicionalismo, dos valores arcaicos, que ainda encobre a arquitetura. Estamos caminhando rumo à interação, e isso não tem volta”.
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Instituição pública
Mantenedor: Ministério da Educação (MEC)
www.ufmg.br/giz | www.mom.arq.ufmg.br/lagear

 

Aqui, todas as reportagens do Anuário ARede 2015 – Boas práticas do uso de TICs no ensino superior