“É preciso toda uma aldeia para educar uma criança”. O provérbio africano dá origem ao nome do Village to Raise a Child, concurso mundial que convoca estudantes do ensino médio a ter ideias que solucionem problemas de suas comunidades.
Organizada pelo Harvard College Social Innovation Collaborative (Colaboradores de Inovação Social da Escola de Harvard), uma organização estudantil da Universidade de Harvard (Estados Unidos), a competição seleciona cinco vencedores para participar do Igniting Innovation Summit, evento que trata de inovações sociais no qual eles se apresentam e ganham capacitação e recursos para executar seus projetos.
No final de julho, os escolhidos foram anunciados. Entre eles, dois brasileiros: Luísa Hamra, de Catanduva, em São Paulo, e Gustavo Coutinho, morador da cidade do Rio de Janeiro. A viagem a Harvard está marcada para setembro. “Encarei cada processo do Village to Raise a Child como uma oportunidade que precisava agarrar, por isso dei o meu máximo ao cumprir todos os detalhes da competição”, conta a menina.
Aos 17 anos, ela deseja combater o desenvolvimento das larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor das doenças da dengue, chikungunya, zika e febre amarela. O motivo para escolher esse tema: “Minha cidade é onde se encontram os maiores números de contaminados pela dengue, há tempos sofremos aqui em Catanduva”. O fato de a população não fazer a limpeza adequada nos locais de risco agrava a situação. “Passei a pensar em um produto que não só combatesse as larvas do mosquito automaticamente, mas também que fosse barato, biodegradável e não gerasse resistência, como fazem os larvicidas”, explica.
Foi em seu próprio quarto, em meio a livros de química, que ela desenvolveu o produto com as características que procurava, além de ser barato. Luísa criou um gel adesivo com cheiro de citronela, odor para espantar mosquitos, para ser colado em lugares e objetos que acumulam água, como pneus e ralos. Sua descoberta vai além: “o gel em contato com a água será ativado e liberará ácido sulfônico, uma substância que mata as larvas”, diz. Para conferir, assista o vídeo aqui.
Gustavo, de 18 anos, deseja mudanças no sistema educacional do país. Segundo ele, o formato atual preza pela memorização de conhecimentos superficiais e não desenvolve o senso crítico dos alunos. Realizou, então, uma pesquisa, que, integrada a outros estudos internacionais, gerou um projeto-piloto executado em uma escola da Floresta da Tijuca. “Os estudantes dessa escola, além do tradicional currículo brasileiro, também têm acesso a diversas oportunidades para desenvolver seu potencial acadêmico e interpessoal, estimulando o senso crítico, o acadêmico e o senso de comunidade”, afirma ele.
“Implementar o projeto e trabalhar nisso me deixa muito feliz e grato por saber que estou contribuindo para a mudança da educação brasileira, mesmo que seja pouco a pouco”, relata. Confira o vídeo que ele produziu para o concurso aqui.
Entre os 20 selecionados para a final da competição, seis eram brasileiros. Segundo Allie Cunningham, diretora do Village to Raise a Child, o país foi representado por 28 equipes dentre as 73 que participaram. “Existem muitos jovens notáveis, talentosos e apaixonados no Brasil tentando fazer a diferença em suas comunidades e nós ficamos impressionados com todos esses times que se inscreveram”, disse ela ao portal ARede Educa.
O ambiente também foi tema de projetos, como no caso do time S.I.G.M.A. Crew, composto por Davi de Menezes Pereira e Pedro Bernardo Calou, ambos com 17 anos, que criaram um sistema para gerenciar o consumo de água de estabelecimentos. Conheça melhor a ideia deles. Também é possível assistir os vídeos dos outros finalistas brasileiros: Lucas Coutinho, Luiz Fernando da Silva Borges e Ownz Ladies.