Levar ensino superior público de qualidade a regiões não atendidas pelo modelo presencial foi o desafio enfrentado pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), a primeira instituição pública de ensino superior no estado de São Paulo com foco no ensino a distância (EAD). Criada como um programa do governo em 2009, três anos depois tornou-se uma fundação e, hoje, se consolida como a quarta universidade pública paulista. Compõe uma rede com instituições de renome como Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Centro Paula Souza (que administra as Faculdades de Tecnologia – Fatecs). Também tem parceria com a Universidade Aberta do Brasil e com a Fundação Padre Anchieta. O quadro de professores é bastante enxuto e se dedica a gerir a oferta dos cursos, estruturar as disciplinas, sempre aproveitando a competência de cursos dos órgãos públicos parceiros, explica o diretor acadêmico Waldomiro Loyolla.
Em todos os cursos o modelo pedagógico é de metodologias ativas de aprendizagem baseadas em problemas e projetos. Grande diferencial é o uso de softwares de código aberto nos sistemas de gerenciamento internos (registro acadêmico, matrícula) e no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Esse sistema foi desenvolvido a partir do LMS Canvas (Instructure) e agrega uma infinidade de outros sistemas que funcionam em conjunto (softwares abertos de login, repositório de identidade dos alunos, publicação de conteúdo, etc.). Tudo roda em uma estrutura de nuvem privada — ficam hospedados na Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Tanto no ambiente de aprendizagem quanto no YouTube, todo o conteúdo da Univesp é livre.
A Univesp também integrou seus serviços com o Google e oferece ao aluno uma conta corporativa, por meio do Google Apps for Education, que permite acesso gratuito aos serviços da empresa de forma integrada (documentos de texto, planilhas, apresentações, YouTube, Google+, etc.). O login é único, e todos os materiais disponíveis dentro do AVA usam as ferramentas do Google.
“Nossos cursos conceitualmente são semipresenciais. A metodologia é de aprendizagem ativa baseada em projetos e problemas, mas há um encontro semanal para todos os alunos”, relata Loyolla. São grupos de 18 estudantes, divididos em três subgrupos de seis pessoas que interagem com um mediador. Esses encontros acontecem em um dos 42 polos distribuídos pelo estado. O mediador tira dúvidas e orienta na execução do projeto integrador, que é elemento central na metodologia de aprendizagem. O restante da semana o estudante desenvolve atividades no AVA, onde estão disponíveis videoaulas, materiais complementares e todos os mecanismos de interação com os colegas, com o mediador e com os professores.
As videoaulas são gravadas na Univesp TV, digital e aberta, que está incluída na multiprogramação da TV Cultura. A Univesp TV, que no You-Tube já teve mais de 30,5 milhões de visualizações, também ministra cursos abertos à população (ainda não oferecem certificados). São cerca de 40 cursos, que podem ser acessados pelo YouTube ou pela página: http://univesptv.cmais.com.br/cursos.
Tanto no ambiente virtual de aprendizagem quanto no YouTube, todo o conteúdo dos cursos da Univesp é livre para qualquer pessoa que tenha interesse
Quando a Univesp surgiu, ainda como um programa, o vestibular era realizado pelas instituições parceiras, cada uma responsável pelo seu. A partir do credenciamento da Univesp como a quarta universidade pública do estado de São Paulo, foi possível fazer um próprio vestibular, no modelo tra- dicional de ensino, com provas presenciais. O primeiro vestibular, em junhode 2014, aconteceu em 24 cidades no estado. Mas isso não implica, formalmente, a realização de vestibulares periódicos. No ensino virtual, cada oferta é um projeto novo. No exame de 2014, o projeto contemplava quatro licenciaturas: química, física, matemática e biologia; e duas engenharias, de Computação e de Produção. Foram ofertadas 3.330 vagas — 1.296 para as engenharias (distribuídas em 18 polos e nove cidades) e 2.034 para licenciaturas (em 32 polos e 24 cidades). Segundo Loyolla, cerca de 87% das vagas foram ocupadas e os seis cursos estão em andamento.
A expectativa do diretor acadêmico é de que a Univesp alcance 30 mil alunos, em curto período, com 100% dos cursos na metodologia ativa. Hoje, além dos pouco mais de três mil alunos que ingressaram no vestibular do ano passado, a Univesp soma mais de 22,5 mil vagas ofertadas nos cursos de graduação, pós-graduação e cursos de extensão nas universidades parceiras.
A duração dos cursos é a mesma do modelo tradicional — quatro anos para licenciatura e cinco para engenharias. Loyolla esclarece que, no Brasil, não dá para ser muito diferente porque as diretrizes curriculares nacionais engessam a inovação. Em relação a horas de atividade, o resultado não é medido por horas de sala de aula. No EAD, o aluno tem a responsabilidade de uma participação das atividades acadêmicas projetadas. Loyolla faz uma analogia com uma tese de conclusão de curso: “É como se a cada semestre o aluno tivesse que fazer um TCC, é um crescendo”. Para Ulisses Ferreira de Araújo, responsável pelos Projetos Integrados desenvolvidos nos cursos da Univesp, “as ferramentas e plataformas virtuais imersivas estimulam o aprender fazendo, quando os alunos são levados a desenvolver ações e buscar solução para os problemas de seu campo profissional no mundo real”.
Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp)
Instituição pública
Mantenedor: Governo do Estado de São Paulo
univesp.br
Canal no YouTube: www.youtube.com/user/univesptv
Univesp TV: http://univesptv.cmais.com.br/cursos
Aqui, todas as reportagens do Anuário ARede 2015 – Boas práticas do uso de TICs no ensino superior