Por Bruna Domingues Waitman
As startups são grupos de pessoas que buscam criar modelos de negócio replicáveis e escaláveis em um contexto de extrema incerteza. Apesar de não haver uma única forma de identificá-las, talvez esta seja a melhor forma de defini-las. A área educacional tem reunido cada vez mais soluções e investimentos dentro desse universo. Nos Estados Unidos, por exemplo, em um intervalo de dez anos, o investimento nas startups educacionais aumentou cinco vezes. Enquanto em 2002 o montante injetado no setor era de 150 milhões de dólares, em 2012 houve um salto para 600 milhões de dólares (http://www.cartanaescola.com.br/single/show/346 ).
No Brasil, o movimento segue a mesma tendência. Em 2013, nasceu o programa de incentivo do governo federal a startups, o Startup Brasil. Nesta primeira edição, as startups educacionais lideraram a lista de selecionadas para receber investimentos e mentorias. Quase 20% das empresas aprovadas tinham como foco esta área http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/startups-de-educacao-lideram-programa-de-incentivo-do-governo-federal). Segundo o especialista em startups e fundador do Anjos do Brasil, Carlos Spina, o mercado de startups de educação no Brasil tem um grande potencial de crescimento.
Reunimos algumas dicas para empreendedores interessados em atuar no setor.
1. Educação para todos e para cada um
Um dos grandes desafios das startups educacionais é pensar em soluções que sejam replicáveis, mas que ao mesmo tempo atendam a demandas específicas de aprendizagem individuais de cada aluno.
2. Conhecer o funcionamento na ponta
A lógica do funcionamento da escola não é a mesma de qualquer outra empresa. O dia a dia da escola não pode ser comparado a outras empresas. Mapear seus stakeholders e acompanhar a sua rotina é crucial para captar melhor sua forma de funcionamento.
3. Ter olhar sistêmico
Criar soluções focadas em aspectos muitos específicos é interessante apenas quando podem se conectar com questões mais amplas. A educação é um ecossistema complexo e não se pode perder isso de vista.
4. Conhecer outros players, evitar a sobreposição e aprender a colaborar
Os dados evidenciam quantas iniciativas estão nascendo no setor. É preciso entender o que já está sendo feito para não fazer “mais do mesmo”. Vale lembrar que não é preciso estar preparado para impactar o sistema educacional como um todo. Trabalhar em rede e colaborador com outros que estejam engajados no setor é o vai gerar transformação na educação.
5. Usar a tecnologia como meio
Entre as principais tendências na área estão a digitalização de materiais didáticos, a criação de cursos on-line e o desenvolvimento de novas formas de avaliar os alunos. Todas contam com a tecnologia. É essencial que a tecnologia seja entendida como ferramenta e não como objetivo. E ser usada para otimizar partes do processo educacional. Usar a tecnologia por usar não é sustentável e tem pouco impacto.
6. Errar cedo e acertar durante o percurso
A própria escola nos estimulou a entender o erro como fracasso. No caso das startups, isso não é verdadeiro. Prototipar é essencial para testar hipóteses. Quanto antes aquelas que não são verdadeiras forem descobertas, mais tempo e investimento serão poupados.
7. Não podemos desprezar nossa experiência, mas temos que ouvir aqueles que estão vivendo a educação hoje.
Entender o mercado passa por escutar – e muito – os alunos que estão vivenciando a educação nos dias atuais. Existe uma tendência de ler e buscar apenas referências criadas por especialistas. Os dois tipos de informação são complementares. A publicação “Uma pergunta rara – No Festival Educação estudantes contribuem para uma escola mais participativa” é um ótimo material de consulta. Criado em 2013, pelo Centro Ruth Cardoso, reúne mais de 400 ideias propostas por alunos de três estados brasileiros para melhorar as suas escolas.
Bruna Domingues Waitman é formada em administração pública e diretora do Media Education Lab (MEL), organização que aposta no poder da rede para transformar a educação de maneira criativa.